Maria Cyra Férrer Lima (F.2).
Nasceu em de Lavras da Mangabeira, na fazenda Cachoeira, no dia 15 de
janeiro de 1890. Casou-se com o Coronel Raimundo Augusto Lima, no dia 24
de junho de 1908, na Igreja Paroquial da cidade de Lavras da Mangabeira, ele
aos 21 anos de idade , filho do Cel. Gustavo Augusto Lima e Joana Augusto
Lima (Joaninha) e neto pelo lado paterno de Fideralina Augusto Lima e pelo
lado materno de Dulcéria Augusto de Oliveira, ambas irmãs, e ela aos 18 anos,
sendo testemunhas José Leite de Oliveira e João Augusto Lima. Dona Cyra ficou
imortalizada no município por sua bondade, carinho pelos familiares, apoio
irrestrito ao esposo diante da vida política agitada , em que fazia valer o
comando herdado de seu pai, Coronel Gustavo Augusto Lima. A fé em Deus e a
devoção ao catolicismo marcaram toda sua existência.
Sobre Raimundo Augusto Lima:
Raimundo Augusto Lima, filho de Gustavo Augusto Lima e neto de
Fideralina Augusto, veio ao mundo aos 21 de junho de 1887, em Lavras da
Mangabeira, para desfrutar as benesses do prestígio político e para suportar o
fardo da oposição que lhe moveram os seus adversários.
O início da sua vida política coincide com o aparecimento das primeiras
divergências internas no seio da velha oligarquia dos Augustos, mas é certo que
ele substituiu plenamente o pai no comando da política lavrense, exercendo
pela primeira vez o cargo de prefeito de Lavras a partir de 9 de novembro de
1920, posto no qual permaneceu até 9 de janeiro de 1922.
E feito senhor absoluto da velha Princesa do Salgado, cuidou Raimundo
Augusto de ampliar o seu poder de barganha, projetando o seu nome nas
páginas da história como um dos mais expressivos coronéis do Nordeste.
Em 1926, por solicitação do Presidente do Estado, José Moreira da Rocha,
organizou um comando de 500 homens em armas, à frente do qual se dirigiu
em demanda de Senador Pompeu e dali até a cidade de Maria Pereira, em
perseguição aos revoltosos da Coluna Prestes.
Em junho de 1927, como registra a historiografia, enfrentou com
memorável valentia o famigerado Rei do Cangaço, dando -lhe um dos mais
renhidos combates d e quantos enfrentados pelo mesmo em terras do Ceará.
E tanto repercutiu entre os cangaceiros a ousadia de Raimundo Augusto e
seus comandados, que o bando de Lampião, em repouso na fazenda Serra da
Mata, do Coronel Antônio Joaquim de Santana, em Missão Velha, ouviria do
sanfoneiro e Antônio Ferreira, irmão do Rei do Cangaço, a seguinte
advertência: “Lampião bem que disse / que deixasse de asneira / que passasse
bem por longe / de Lavras da Mangabeira”.
Em 15 de novembro de 1928, o Coronel Raimundo Augusto Lima foi
eleito prefeito de sua terra natal e, nesse posto, foi confirmado pelas eleições
municipais de 1930, alcançando -o a revolução desencadeada naquele ano em
pleno apogeu da sua militância política.
Ocupada a cidade de Lavras, aos 6 de agosto de 1930, pelo comando e
todo o efetivo do 23º Batalhão de Caçadores, dela evadiu -se o Coronel
Raimundo Augusto Lima, o qual, segundo o historiador Otacílio Anselmo,
“mantinha reservadamente numeroso grupo de assalariados para lutar contra a
revolução”.
E o “ambiente arcaico e vazio” no qual mergulhou a comuna com a
ausência do seu poderoso chefe, ainda segundo Otacílio Anselmo, “era apenas o
reflexo do imobilismo enraizado nos sertões do Nordeste”, pois, em verdade, o
23º Batalhão de Caçadores achava -se “num dos m ais famosos feudos do
coronelismo interiorano, desde há muito sob o domínio absoluto de Raimundo
Augusto, influente e despótico chefe perrepista”.
Perseguido, contudo, pelas tropas legalistas, o coronel Raimundo
Augusto Lima é detido em Juazeiro do Norte, e dali recambiado para Lavras,
onde seria recolhido à Cadeia Pública local, para deleite dos seus adversários,
que eram muitos e que já se encontravam, ainda que, precariamente, no
exercício do poder político.
Dilapidado o seu patrimônio, incendiadas as suas propriedades e
perseguidos os seus familiares pelo Alto Comando R evolucionário, o Coronel
Raimundo Augusto não teve outra alternativa, ao sair da prisão, senão aquela
de assassinar, a 26 de junho de 1932, em Lavras da Mangabeira, o tenente
Veríssimo Gondim, que ali desembarcou, por solicitação dos seus opositores ,
para trazê-lo algemado até Fortaleza.
E, igualmente para satisfação dos seus adversários, que anteriormente
haviam preparado o desfecho do incidente acima referido, foi novamente
recolhido à prisão e levado ao Tribunal do Júri, em 13 de novembro de 1932,
quando foi absolvido por unanimidade.
A partir de 1947, o coronel Raimundo Augusto Lima passou a exercer as
funções de Vereador, bem como as de Presidente da Câmara Municipal,
assegurando, assim a continuidade da sua liderança.
Administrando Lavras da Mangabeira de 31 de janeiro de 1951 a 25 de
março de 1955, retornou à chefia do executivo lavrense através das eleições de 3
de outubro de 1958, dirigindo o seu município de 25 de março de 1959 a 25 de
março de 1963.
Faleceu em sua terra de berço, aos 3 de julho de 1971, tendo sido casado,
em primeiras núpcias, com Maria Cyra Férrer Lima, sua conterrânea, nascida
aos 15 de janeiro de 1890 e falecida aos 18 de outubro de 1958.
Quando quis, foi recebido por Governadores, Senadores, Deputados Federais e
até Presidentes da República, autoridades com as quais manteve estreitas
relações de amizade ou de cumplicidade política, sendo considerado, pela
historiografia, como um dos maiores coronéis do Nordeste, em todos os
tempos.
Filhos:
N.2.1 – Maria Augusto Férrer Lima – Moreninha
N.2.2 – Hilda Férrer Augusto Sucupira
N.2.3 – Vicente Férrer Augusto Lima
N.2.4 – Alda Férrer Augusto Dutra
N.2.5 – Nícia Augusto Gonçalves
N.2.6 – Ignêz Férrer Augusto Lima
N.2.7 – Paula Frassinetti Férrer Augusto Macêdo